quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Condução Desportiva VI - A Suavidade

O equilíbrio de um carro em movimento depende principalmente do correcto balanceamento da sua carga suspensa.


O segredo do balanceamento está na suavidade com que as transferências de carga são efectuadas.


Por sua vez, uma condução suave e fluída depende essencialmente da capacidade do condutor em antecipar circunstâncias e eventos que poderão surgir ao longo do seu percurso.


Para reagir eficazmente ao comportamento de um carro, às características e condições do trajecto, aos outros carros e aos seu condutores, é essencial estar consciente de tudo o que está a ocorrer em redor.


Ao nosso lado, utilizando a visão periférica. Atrás, usando os espelhos. E, principalmente à nossa frente. Para isso é importante conseguir ver através dos vidros do carro na nossa dianteira e perceber o que está a ocorrer mais à frente.


Quando tal não é possível, é recomendável aumentar a distância ao carro da frente até que esta permita que se consiga ver por um ou por outro lado daquele. Esta técnica é particularmente eficaz em traçados sinuosos.


Em estradas rurais, daquelas Lotus Tailored, há que estar especialmente atento às bermas. Se repentinamente surgir um obstáculo conseguirei utilizar a berma para o evitar com segurança?


Já em pista a utilização das escapatórias é comum para evitar o contacto com os outros carros.


Os pilotos têm reacções extremamente rápidas mas muito raramente inesperadas pois, sempre que efectuam qualquer manobra, normalmente já a anteciparam ganhando assim tempo precioso para preparar a reacção.


Assim, todos os movimentos efectuados fluem numa transição contínua que, sendo muito rápida, não deixa de ser suave.


Com treino e prática, não é difícil levar um Lotus da aceleração máxima para a travagem a fundo em centésimos de segundo, a dificuldade reside em fazê-lo suavemente.


Na Condução Desportiva a saída de uma recta tem de consistir na entrada suave numa curva assim como a saída de uma curva terá de consistir em entrar suavemente numa recta, tudo isto efectuado no limite da capacidade do condutor e/ou do automóvel.


Durante estas manobras qualquer aceleração repentina, travagem brusca ou viragem violenta perturbará de forma crítica o delicado balanceamento do carro, como apresentado no capítulo anterior (Condução Desportiva V - O Equilíbrio).


Tanto na estrada como na pista, um carro deve ser sempre conduzido como se estivesse sobre carris.


Muito embora possa ser e parecer espectacular colocar um carro em derrapagem, o chassis, as suspensões e os pneus dos Lotus estão concebidos para proporcionar melhores resultados quando se mantêm colados à estrada.


As únicas excepções a esta regra aplicam-se apenas para a condução em superfícies soltas, tais como o gelo, a neve, a areia, gravilha, etc. mas mesmo nestes casos, a viragem do carro com o acelerador tem sempre de ser efectuada com suavidade.

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2 comentários:

Rui Coelho disse...

Brilhante como habitual, e as ilustrações com tantos e tão bonitos Cortina, só abrilhanta mais. Obrigado Fernando!

Pedro Aroso disse...

Cortina, não. Lotus Cortina!
Obrigado Fernando por mais um e excelente artigo.